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Passados largos meses de um ataque de pânico ao qual não liguei por não saber o que era, surgiu outro, que me abalou bastante. Desde aí, a vida mudou, ansiedade generalixada, talvez. Causou perda de apetite, algum isolamento, insónia, medo de não conseguir dormir e neurose de que '' estou assim, mal ''.
Qual é terapia mais indicada neste caso?
TCC?
Existem várias abordagens dentro da psicoterapia, umas que actuam diretamente nos sintomas apresentados, outras cujo objetivo é, sobretudo, a compreensão da realidade interna do paciente, de modo a podermos sentir e pensar o sofrimento, através de uma relação terapêutica muito significativa do ponto de vista afetivo, sendo que os sintomas acabam por desaparecer, na sequência das transformações internas. Como psicoterapeuta psicanalítica que sou, esta última abordagem faz-me todo o sentido. Mas, obviamente, que cabe a cada pessoa decidir a abordagem com que se identifica mais. A meu ver a escolha do tipo de intervenção não tem tanto a ver com os sintomas, mas com a necessidade e/ ou desejo do paciente. Pense no que mais lhe serve. Estarei ao dispor, se assim o quiser.
Tenho 48 anos, sexo masculino, sou seguido em consultas de psiquiatria desde 1991. O meu diagnóstico é TOC associado a depressão secundária, com grande componente ansiosa. Tive um episódio convulsivo em 1993 com Anafranil, após o qual efectuei ECG e TAC (e mais tarde, já em 2014, RM). As alterações descritas nos relatórios dos referidos exames não são valorizadas pela neurologia. Efectuei o último ECG em 2014 e mantinha a indicação de "actividade paroxística em projecção temporal esquerda" (mais uma vez sem valorização pela neurologia). A depressão é, actualmente, o meu maior problema, aquilo que verdadeiramente me incapacita. Tenho vindo a consultar diversos psiquiatras ao longo dos anos, mas não sinto melhorias com os tratamentos. Também muitos desses psiquiatras, seja logo na primeira consulta, ou algumas consultas depois, demonstram uma forma displicente de me tratar, razão que me leva a andar sempre a mudar de médico. Tive agora uma consulta, numa Clínica, e a médica psiquiatra que me atendeu disse-me que eu estava já demasiado "psiquiatrizado", que é minha responsabilidade sair do papel de doente e que a razão dos psicofármacos (sobretudo os antidepressivos) não actuarem tem a ver com o facto de o "psicológico" não os deixar actuar. Ou seja, eles actuam nos neuro-receptores, mas depois o "psicológico" trava o seu efeito. Ora, eu faço psicoterapia há 6 anos, sempre com a mesma psicóloga, com quem tenho uma excelente relação terapêutica. A minha questão é: sentindo-me cada dia mais angustiado, sem energia ou sequer vontade de viver, estado este agravado pelas constantes decepções relativamente à psiquiatria, pergunto se há algo que, de facto, a psiquiatria possa fazer por mim, no sentido de me dar o mínimo que seja de qualidade de vida e a possibilidade de retomar a minha actividade profissional (interrompida há mais de um ano)? Muito obrigado pela atenção que este texto, porventura demasiado longo (as minhas desculpas), lhes possa merecer.
De lamentar o facto de procurar ajuda há tantos anos e de ainda continuar com esses sintomas e, ao que parece, com tanto sofrimento e com queixas também ao nível da funcionalidade. A par da manutenção de uma relação com o mesmo psiquiatra (com quem tenha confiança), sugiro que invista numa psicoterapia de orientação psicanalítica (não sei se é o caso da sua), a meu ver, no mínimo com um frequência bissemanal, mas cujas condições deverão ser obviamente analisadas em conjunto com o psicoterapeuta. Se em 1991 tivesse investido numa psicoterapia psicanalítica de qualidade, certamente, neste momento, já estaria mais estável, equilibrado e mais motivado e capaz de viver, de criar e de lidar com a adversidade e com o facto da vida ser, por si só, incontrolável, desconhecida. Ainda assim, estará sempre a tempo de investir em si. A meu ver a psicoterapia psicanalítica permite transformações mais estruturais e profundas, mesmo nos casos de TOC, sendo possível a médio, longo prazo, ir retirando a medicação, com orientação naturalmente do psiquiatra. Claro que o seu caso deverá ser analisado pelo psicoterapeuta com todo o cuidado e sensibilidade pois pode não se tratar “apenas” de um TOC com um quadro depressivo. As melhoras.
Todos os conteúdos publicados no Doctoralia.com.pt, principalmente perguntas e respostas na área da medicina, têm caráter meramente informativo e não devem ser, em nenhuma circunstância, considerados como substitutos de aconselhamento médico.
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